1 Outubro, 2024 0 comment

Inteligência Emocional no Trabalho: A Chave para Vencer o Burnout

Expressões como o Quiet Quitting (fenómeno da demissão silenciosa), The Great Resignation, são um problema nas organizações, especialmente em ambientes de trabalho de alta pressão, levando muitas vezes ao burnout. No entanto, nem todas as pessoas que enfrentam stress intenso acabam por sofrer de burnout. O que distingue aqueles que conseguem lidar com o stress dos que se deixam consumir por ele? A resposta parece residir, em grande parte, na inteligência emocional.

 

imagem: O Globo

 

A inteligência emocional (IE) refere-se à capacidade de identificar, compreender e gerir as nossas próprias emoções, bem como as dos outros. Pessoas com alta IE são, geralmente, mais aptas a lidar com o stress, pois conseguem reconhecer os sinais de esgotamento emocional, antes que estes se tornem insuportáveis. A autoconsciência, uma das componentes chaves da IE, permite às pessoas identificar as fontes do seu stress e tomar medidas para as gerir de forma eficaz.

Outro aspeto importante da inteligência emocional é a autogestão. Esta habilidade capacita as pessoas a manter a calma sob pressão, a controlar impulsos e a responder de forma apropriada a situações desafiadoras. Num ambiente de trabalho onde as crises são frequentes, a capacidade de autogestão pode ser a diferença entre enfrentar o stress de forma construtiva ou deixar-se consumir por ele.

Além disso, a gestão de conflitos é um elemento crucial na prevenção do burnout. Em vez de permitir que os conflitos se tornem uma fonte de ansiedade contínua, as pessoas emocionalmente inteligentes usam estas situações como oportunidades para resolver problemas. Isto não só alivia o stress, como também promove um ambiente de trabalho mais colaborativo e menos conflituoso.

A empatia também desempenha um papel vital na forma como lidamos com o stress. Quando nos esforçamos para compreender os outros e as suas perspetivas, tendemos a desenvolver um sentimento de compaixão, que pode atenuar os efeitos fisiológicos do stress. A empatia facilita ainda a construção de relações de confiança, o que pode ser crucial para obter o apoio necessário em momentos de maior pressão.

 

Imagem: The University of Faisalabad

 

No entanto, é importante reconhecer que, muitas vezes, o stress que enfrentamos é autoinfligido. A tendência para o perfecionismo ou a necessidade constante de alcançar resultados elevados podem criar uma pressão interna desnecessária. Tornar-se consciente destas pressões e aprender a mitigá-las é essencial para evitar o burnout.

Práticas de atenção plena (mindfulness), como exercícios de respiração profunda, podem ser úteis para lidar com o stress imediato. Estas técnicas ajudam a acalmar a mente e o corpo, permitindo uma abordagem mais equilibrada aos desafios diários. Com o tempo, podem tornar-se uma ferramenta poderosa para manter o stress sob controlo.

Uma mudança de perspetiva também pode fazer uma diferença significativa na forma como percebemos e lidamos com o stress. Encarar uma situação como um desafio a ser superado, em vez de uma ameaça, pode transformar o stress em algo motivador e de mais fácil gestão. Este ajuste mental pode ser um dos passos mais eficazes para evitar o esgotamento.

Finalmente, melhorar a inteligência emocional não é um processo imediato. Exige tempo, prática e, acima de tudo, paciência consigo mesmo. Mas, ao investir no desenvolvimento desta habilidade, não só  aumenta a capacidade de lidar com o stress, como também promove uma vida profissional e pessoal mais saudável e equilibrada.

Assim, embora o stress seja uma realidade inevitável, o burnout não tem de ser. Ao desenvolver a inteligência emocional, podemos aprender a gerir o stress de forma eficaz e, em última análise, proteger-nos do esgotamento emocional.

 

Artigo de Sérgio Almeida, em parceria com o Semanário Vida Económica.

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