It’s all about Feedback! Uma cultura organizacional orientada à evolução contínua
O feedback é uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de colaboradores e equipas, especialmente neste novo mundo “BANI” (acrónimo de brittle, anxious, nonlinear e incomprehensible), que descreve o atual paradigma onde a comunicação é essencial. Neste contexto, muitas empresas estão já a implementar uma cultura de feedback contínuo como forma de crescimento individual e organizacional, conseguindo ainda motivar e reter o talento.

Imagem: UseRH
De acordo com o estudo “Global Hopes and Fears 2023” da PwC, 50% dos profissionais procuram ativamente feedback, enquanto 49% fornecem feedback aos colegas de trabalho. Estes números indicam uma abertura significativa para o feedback no local de trabalho, apesar de haver ainda um longo caminho a percorrer, neste sentido.
Cultura de Feedback vs. Avaliação de Desempenho
De acordo com a Harvard Business Review, as avaliações de desempenho tradicionais foram abandonadas por mais de um terço das empresas dos EUA. A maior limitação destas, defendem os autores, é a sua ênfase na responsabilização dos colaboradores pelo que fizeram no ano passado, em detrimento da melhoria do desempenho no presente e no futuro. É por isso que muitas organizações estão a adotar conversas mais frequentes e focadas no desenvolvimento entre gestores e colaboradores. Algumas das razões para a implementação duma cultura contínua de feedback, são as seguintes: 1) Mercado de trabalho com falta de mão-de-obra cria pressão para manter os colaboradores felizes e envolvidos na vida da empresa; 2) O ambiente empresarial em rápida mudança exige agilidade, o que justifica conversas regulares (feedback) com os colaboradores; 3) Dar prioridade à evolução em detrimento da responsabilização (focada no passado e nos problemas) promove o trabalho em equipa. Outras empresas estão a tentar abordagens híbridas, por exemplo, atribuindo aos colaboradores classificações de desempenho em múltiplas dimensões, juntamente com feedback regular sobre o desenvolvimento e progressão na carreira. Não existindo um modelo único, é consensual na gestão atual, que a possibilidade de ouvir, envolver, perguntar e sobretudo de colocar os colaboradores como “parte da equação” (solução) nos temas da empresa, de forma continua, é fundamental para a evolução dos mesmos e dos negócios.
5 passos para o feedback contínuo
A melhor forma preparar os colaboradores e as equipas para darem e receberem feedback é capacitando através de programas que desenvolvam as suas competências de forma eficaz e contínua. Dar e receber feedback são competências que se podem desenvolver, e como qualquer habilidade, devem ser cultivadas e praticadas regularmente. Partilho alguns passos para implementação duma cultura de feedback contínuo:
- Escolha um modelo de feedback, por exemplo, o modelo “OIO”, que significa observação, impacto e oportunidades: Observação: O que é que eu acho que fazemos muito bem? Onde vejo espaço para melhorias? Impacto: Qual foi o impacto da forma como lidámos com a situação? Oportunidades: Que oportunidades de melhorar no futuro?
- Os líderes devem praticar o que pregam: quando os colaboradores veem os líderes a modelar práticas de feedback sólidas, são mais propensos a imitar esse comportamento. É essencial que os líderes pratiquem a humildade e estejam abertos a receber feedback de todos os ângulos (de acordo com os estudos, são líderes no topo aqueles que recebem menos feedback, e são os que mais precisam!).
- Crie um ambiente seguro para o feedback: O feedback eficaz não ocorrerá num ambiente hostil ou intimidante. Os colaboradores precisam de se sentir psicológica e emocionalmente seguros e saber que se derem um feedback honesto não enfrentarão repercussões negativas. Isto começa com a construção de relações de confiança em que os colaboradores podem ser eles próprios e falar quando surgem problemas.
- Estruture o feedback: em vez de esperar que o feedback aconteça naturalmente, estruture e aloque intervalos de tempo na sua agenda para que o feedback aconteça. Conversas informais à máquina de café são ótimas, mas o feedback formal também deve ocorrer, através de reuniões individuais, reuniões retrospetivas após um projeto ou inquéritos 360.º
Mente aberta para dar e receber: estimule as pessoas a resistirem ao impulso de ficarem na defensiva e, em vez disso, a verem o feedback como algo positivo que ajudará a aprenderem e a crescer. É fundamental manter um ambiente seguro para o feedback, mesmo que não concorde com o feedback dado, manter-se aberto e não ficar na defensiva permitirá que a aprendizagem aconteça.

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Em conclusão, podemos afirmar que uma cultura de feedback contínuo pode ser aquilo que falta em muitas organizações. Desenvolver competências nesta área, promover uma cultura amigável neste tema, fará toda a diferença. Chegou assim o momento de avançarmos dum paradigma de “melhoria contínua de processos” para uma nova realidade de “evolução contínua de pessoas”, pois é neste alinhamento que os resultados aparecem.
Artigo de Sérgio Almeida, em parceria com o Semanário Vida Económica.