Miguel Paiva: O Impacto das Soft Skills na Área da Saúde
Entrevistamos o Dr. Miguel Paiva, no âmbito dos Programas in Company desenvolvidos pela Seal Human Company. A ULSEDV tem integrado a metodologia DISC na área da saúde, através de programas internos de liderança e trabalho em equipa.
Conheça o seu testemunho!
1. Qual foi a principal motivação para a Unidade Local de Saúde de Entre Douro e Vouga apostar no desenvolvimento das soft skills e da aplicação da metodologia DISC, no contexto da saúde?
As organizações modernas e bem sucedidas são aquelas que dispõem de equipas compostas por pessoas competentes, motivadas e envolvidas com o propósito institucional. Se a competência técnica é condição necessária, está longe de ser suficiente, pelo que é fundamental que saibamos trabalhar a cultura e o clima organizacional, conhecendo a individualidade de cada um dos elementos e procurando fazer o seu enquadramento no todo de forma a proporcionar o melhor resultado possível, seja para a organização, seja para os trabalhadores. O DISC é um poderoso instrumento para o conseguirmos.
2. De que forma o DISC tem contribuído para melhorar a comunicação e a cooperação entre equipas?
O DISC ajuda-nos muito em duas dimensões. A primeira é no conhecimento que nos proporciona do perfil comportamental de cada um dos nossos profissionais, permitindo- nos uma comunicação mais assertiva e orientada com ele. Permite-nos ainda uma estratégia de alocação de funções mais consentânea com esse mesmo perfil, o que potencia muito a sua performance profissional.
A segunda dimensão é precisamente a que permite ao próprio profissional fazer uma melhor interpretação do seu papel na equipa e compreender a forma de actuação e comunicação dos outros. Esse conhecimento é extremamente útil para que cada um se compreenda melhor a si próprio, mas também aos outros com quem partilha os desafios do trabalho.
3. Na sua opinião, que desafios específicos o método DISC pode ajudar a resolver, no que respeita à gestão das pessoas e equipas, na área da saúde?
Ajuda em vários aspetos. Desde logo no próprio desenho dos perfis que pretendemos para cada missão específica. Dando um exemplo concreto, diria que se temos missões muito focadas no rigor da observância de detalhes e de normas precisamos de procurar pessoas com perfis C, enquanto se estivermos uma missão de expansão de negócio e conquista de novos mercados deveremos privilegiar perfis D ou I.
Por outro lado, se é importante para cada uma destas áreas pessoas com um determinado tipo de perfil, para que se criem as corretas sinergias numa equipa, é fundamental que se incluam perfis diferentes que permitam uma visão mais ampla da sua missão.
Por exemplo, uma equipa composta apenas por perfis D ou I é ótima para abrir novos mercados, mas se não estiver alicerçada no rigor das normas e dos detalhes, das pessoas com perfil C ou S que dê consistência ao negócio, este pode estar condenado ao insucesso.
No entanto, esta complementaridade de perfis traz alguns desafios, por isso, como já referi acima, é importante adequar as pessoas às equipas, evitando “choques” desnecessários, quando se sabe que há elevada probabilidade de incompatibilidades em função dos perfis individuais de cada pessoa. Dispor do perfil DISC dos membros da equipa ajuda imenso na “calibração” dessas equipas.
Um terceiro aspeto que poderia referir é o seu uso pelas chefias para uma melhor e mais adequada comunicação com cada um dos elementos da equipa e com a equipa como um todo. Conhecendo os perfis de todos podemos, mais facilmente, adequar a comunicação à forma como a mesma é escutada e interpretada pelos elementos da nossa equipa.
4. Como tem sido a aceitação e o envolvimento dos profissionais de saúde com os programas in company da Seal Human Company/ DISC Talent Solutions?
O setor da saúde é, como se sabe, extremamente exigente, gerando elevados níveis de stress nos profissionais. Nesse cenário de elevada pressão laboral as iniciativas que robusteçam as competências relacionais, comunicacionais e de sentido de equipa são fundamentais. Os programas DISC a que temos recorrido têm sido muito importantes para fomentar o autoconhecimento dos nossos profissionais, experiência que os coloca perante uma visão completamente diferente da que tinham de si próprios e das dinâmicas grupais em que estão envolvidos. Por outro lado, os programas têm sido muito importantes para uma evolução das competências de liderança das próprias chefias, o que contribui de forma muito intensa para a melhoria do ambiente laboral e da performance das equipas. Temos tido uma experiência muito positiva em todos os projetos que implementamos.
5. Pode partilhar algum exemplo prático de como o DISC impactou positivamente a ULSEDV e o ambiente de trabalho?
Posso, por exemplo, partilhar o trabalho que fizemos no nosso serviço de compras, que esteve envolvido num programa DISC que permitiu que a reorganização da equipa tivesse sido suportada na compatibilidade dos perfis DISC de cada um dos elementos e na sua adequação à função concreta a que foram alocados. Outro resultado interessante foi a redução dos conflitos internos, pois as pessoas passaram a conhecer-se melhor e a compreender as reações dos outros à luz dos respetivos perfis comportamentais, o que é extremamente interessante. Finalmente o projeto ajudou a reforçar a confiança da liderança do serviço, dotando-a de uma capacidade melhorada de análise de cada um dos elementos da equipa, o que acelerou deu um boost importante à performance do serviço.