20 Maio, 2024 0 comment

A Empatia na Liderança: criar valor através da compreensão

A mensagem de Tim Cook, CEO da Apple, no seu discurso de formatura do MIT em 2017, não poderia ter sido mais clara: “As pessoas vão tentar convencê-lo de que deve manter a empatia fora da sua atividade profissional e carreira. Não aceite essa premissa falsa.” 

imagem: prevuehr

 

Não poderia estar mais de acordo com Cook. Na verdade, 20% das empresas nos EUA já oferecem treinos de empatia para gestores, e numa pesquisa recente com 150 CEOs, mais de 80% reconheceram a empatia como a chave para o sucesso.

A empatia é protagonista no que respeita à promoção de uma cultura organizacional saudável. Locais de trabalho empáticos tendem a desfrutar de maior colaboração, menos stress e maior interação entre os funcionários. No entanto, apesar dos esforços, muitos líderes ainda lutam para tornar a empatia uma parte genuína da cultura organizacional. Não raras vezes, há uma grande discrepância entre a cultura desejada pelos executivos e a cultura real da empresa.

Imagine uma empresa onde a cultura é definida pela agressão e competitividade extrema. O CEO, apercebendo-se da necessidade de mudança, pode introduzir, apressadamente, a empatia como um novo valor corporativo fundamental. No entanto, essa mudança brusca pode criar uma lacuna entre os ideais da organização e as suas normas sociais do momento. Quando normas e ideais entram em conflito, as pessoas tendem a seguir o comportamento predominante, não o imposto pela liderança. Não podemos impor a empatia apenas porque necessitamos para atingir os nossos objetivos, ela deve estar intrinsecamente ligada aos nossos valores e ao nosso propósito.  

 

imagem: State of Workplace Empathy

 

Há ainda a destacar a subjetividade inerente à perceção dos níveis de empatia , referentes aos diversos cargos. Segundo o estudo “State of Workplace Empathy 2023”, existe uma visão de nível de empatia de 68%, por parte dos profissionais de Recursos Humanos, em relação aos CEOs. Isto pode indicar que estes líderes são vistos como sendo menos empáticos ou menos comprometidos em compreender e atender às necessidades dos funcionários. 

Por outro lado, uma perceção de 92% de empatia por parte dos CEOs, em relação aos profissionais de RH, sugere que estes líderes reconhecem e valorizam a importância do trabalho e do bem-estar dos colaboradores. Esta disparidade na perceção pode destacar uma área de melhoria para os CEOs, enfatizando a necessidade de uma comunicação mais empática e uma abordagem mais centrada nas pessoas para garantir um ambiente de trabalho positivo e produtivo.

 

Benefícios da liderança empática

A empatia é a capacidade de partilhar e compreender os sentimentos de outra pessoa, a capacidade de se colocar no lugar do outro, compreendendo e partilhando as suas emoções, perspetivas e experiências, sem julgamento ou preconceito, demonstrando compaixão, compreensão e apoio genuíno. É uma forma de uma pessoa se conectar com outra em um nível humano básico.

Num ambiente profissional, isso significa ser capaz de sair das pressões e tarefas típicas do dia de trabalho e fazer um esforço para entender a razão porque a outra pessoa se está a sentir daquela maneira. Ao compreender essas emoções e perspectivas, os líderes podem compreender melhor as motivações dos seus colaboradores.

Michael Kurland, CEO do Branded Group, num artigo que escreveu para a Forbes, afirmou que “Gestores e líderes que desejem manter o talento na empresa evitando as saídas de colaboradores, devem aprender uma nova competência: a empatia. As pessoas hoje querem ser vistas, ouvidas e compreendidas. Querem ser valorizadas pelas suas contribuições, pelos seus talentos e pela sua humanidade. Elas querem ser vistas como uma pessoa inteira, não apenas como parte de alguém que completa uma tarefa”. 

Quais são então os benefícios para os colaboradores da liderança empática? Partilho alguns. Motivação e inspiração: maios conexão e relacionamento do líder com os colaboradores traz uma maior probabilidade de os inspirar e desenvolver; Melhor saúde mental: a demonstração de empatia cria um ambiente de trabalho mais seguro e de apoio as necessidades dos colaboradores; Melhor inovação: potencia a criatividade e inovação, ajudando à inclusão, deixando todos mais confortáveis para partilhar ideias; Melhor comunicação: os colaboradores sentem-se mais valorizados, compreendidos e ouvidos, expressando mais os seus pensamentos e aumentando o nível de confiança entre o líder e equipa; Decisões mais eficazes: liderar com empatia ajuda a resolver conflitos de forma mais eficaz e eficiente, fazendo com que os relacionamentos sejam fortalecidos em vez de fraturados.

 

A empatia não é apenas uma ferramenta de negócios ou uma competência valiosa, mas sim o alicerce essencial para um mundo onde a compreensão, o apoio mútuo e a colaboração são as forças motrizes de uma sociedade verdadeiramente conectada e humana. 



Artigo de Sérgio Almeida, em parceria com o diário Vida Económica

Download do artigo