Fábrica de Talentos: Novas Competências São Necessárias!
À medida que a tecnologia avança, o mundo se transforma e as tendências económicas evoluem, torna-se cada vez mais premente a necessidade de desenvolvermos as novas competências e o talento organizacional. O que nos trouxe até aqui já não é suficiente para nos fazer chegar onde queremos.
O Relatório sobre o “Future of Jobs 2023” prevê que, até 2027, 43% das tarefas laborais serão automatizadas, representando um desafio significativo para os trabalhadores atuais. Nesse sentido, é imperativo investir, urgentemente, no talento e no capital humano para garantir um futuro mais justo e próspero, onde as pessoas tenham a oportunidade de alcançar o seu pleno potencial e prosperar.
Embora apenas 0,5% do produto interno bruto global seja, atualmente, direcionado para a aprendizagem ao longo da vida para adultos, estudos mostram que o investimento em requalificação e desenvolvimento de competências podem impulsionar significativamente o PIB global, criando oportunidades económicas e sociais. Perante esta realidade, é essencial que as empresas, governos e organizações da sociedade civil unam esforços para desenvolver e implementar programas abrangentes de requalificação que preparem os trabalhadores para os desafios do futuro.
O World Economic Forum, adota uma abordagem tripla para gerar impacto tangível: angariar compromissos, cocriar soluções e conectar partes interessadas. Esta iniciativa ambiciosa visa acelerar a requalificação e o aperfeiçoamento de competências em todo o mundo, apresentando modelos de aprendizagem aprimorados por inteligência artificial e mantendo um foco geográfico, através dos aceleradores nacionais.
O objetivo é criar uma rede global de colaboração entre empresas, governos, organizações da sociedade civil e instituições educacionais, para enfrentar os desafios emergentes no mercado de trabalho. Além disso, a plataforma identifica e destaca “Focos de Primeira Competência”, modelos de colaboração público-privadas que demonstram abordagens inovadoras para a educação e desenvolvimento de competências. Estes exemplos inspiradores incentivam outras organizações a envolverem-se nesta verdadeira revolução, impulsionando assim um movimento global em direção à preparação para o futuro do trabalho.
A revolução do talento
A Quarta Revolução Industrial está a criar a necessidade de milhões de novos empregos, com vastas oportunidades para realizar as aspirações e o potencial das pessoas. No entanto, atualmente, a tendência e narrativa dominantes tendem a perpetuar a desigualdade, deslocação do emprego e de pessoas e aumento das diferenças.
No mercado de trabalho, metade da força laboral global poderá necessitar de requalificação, até 2025. Nas escolas, se as tendências atuais permanecerem, muitos estudantes continuarão a carecer das competências necessárias para prosperar no futuro, tendo em atenção que grande parte das matérias que aprendem na sala de aula, já estarão desatualizadas, quando chegarem ao mercado de trabalho.
A crescente agitação social em grande parte do mundo industrializado e emergente, os novos fluxos nos mercados de trabalho devido às repercussões da pandemia, a disrupção tecnológica e a transição verde, potenciam a colaboração entre os setores público e privado, que assim podem promover uma agenda totalmente diferente, onde o futuro das pessoas e as perspetivas económicas globais são melhorados pelo desenvolvimento de competências e transformação no processo educativo.
Através de quatro áreas de trabalho interconectadas, o projeto do WEF Reskilling Revolution, visa contribuir para a construção de um mundo mais justo e inclusivo que trará benefícios para a economia e sociedade, através de melhores competências e educação para as gerações futuras.
Competências em primeiro lugar
Para os líderes visionários, que assumem a necessidade (e a oportunidade) de colocar as competências e o talento em primeiro lugar, o resultado é a transformação e evolução dos seus negócios e empresas. A contratação baseada em competências e no potencial, e não apenas em qualificações ou experiência adquirida, têm o potencial de posicionar as organizações na vanguarda da inovação, permitindo que a estratégia empresarial se adapte às complexidades do futuro mercado de trabalho, onde a escassez da mão-de-obra e as lacunas de competências prejudicam de sobremaneira a produtividade e a perenidade.
Nesse sentido, desenvolver estratégias de “competências em primeiro lugar”, centradas diretamente no potencial e competências e não na forma como foram adquiridas, é o caminho a seguir. Precisamos de abraçar a mudança, promover o desenvolvimento e garantir que todos tenham acesso às ferramentas e meios necessários para prosperar no futuro do trabalho.
Os líderes e as organizações têm, definitivamente, que agir de forma diferente. A criação de valor para os acionistas só pode ser feita em conjunto e em conexão com os colaboradores, clientes e comunidades. Isso inclui a responsabilidade de ajudar as pessoas desenvolverem o seu talento, a crescerem, aprenderem novas competências, a adaptarem-se aos futuros empregos e funções, no fundo, a transformarem-se em verdadeiras “fábricas de talento”.
A revolução “humana” está em marcha, é hora de agir.
Artigo de Sérgio Almeida, em parceria com o diário Vida Económica.
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