23 Maio, 2023 0 comment

Felicidade, Talento e Produtividade

Sumário: Um dos atuais objetivos das organizações é o de promover um maior nível de felicidade e satisfação laboral, numa altura em que os efeitos da pandemia trouxeram mudanças substanciais ao bem-estar e felicidade individual. O mundo do trabalho mudou, colocando o talento no centro das organizações, a visão holística e a integração de pessoas e negócios é, hoje, essencial.

O efeito Covid-19

Relativamente à felicidade e bem-estar, podemos afirmar que existe um antes e um depois da Covid-19. Aliás, a própria saúde mental da população saiu muito afetada. Vejamos as conclusões da KFF sobre os estudos da Household Pulse Survey do Census Bureau, que revelam que mais de 3 em cada 10 adultos (32,3%) relataram sintomas de ansiedade ou depressão. Face a estes resultados, 90% do público americano acredita que o país enfrenta uma crise de saúde mental. Interessante é verificar que metade dos adultos de 18 a 24 anos reportaram sintomas de ansiedade e depressão em 2023, em comparação com cerca de um terço dos adultos, em geral. Jovens adultos nos Estados Unidos continuam a apresentar mais sintomas de ansiedade ou depressão, de acordo com os últimos dados federais.

O talento

A felicidade no ambiente laboral é fundamental para reter e atrair novos talentos.

Muitas mudanças estão a acontecer no mundo profissional e uma das principais é a forma como vemos o trabalho. No entanto, nem todos os colaboradores terão as mesmas expectativas, dado que vivemos numa nova era, baseada numa força de trabalho multigeracional. O que torna os Baby Boomers felizes pode não ser o que promove a felicidade da Geração Z. A diversidade geracional representa um estímulo para as empresas. Nesse contexto, a felicidade das organizações é essencial para reter os colaboradores mais experientes e atrair novos talentos. De acordo com um dos estudos levados a cabo pelo World Economic Forum sobre “O que os millennials querem do trabalho?”, a evolução na carreira (45%) e o sentido de propósito (37%), ocupam o topo das suas prioridades.  

 A felicidade e a produtividade

Desde que a Saïd Business School – Universidade de Oxford divulgou a sua investigação sobre felicidade e produtividade, muitas organizações já perceberam a importância de criar uma cultura corporativa positiva, para melhorar a experiência do colaborador. Nesta equação, o desenvolvimento do talento desempenha também um papel fundamental.

 A conexão entre a felicidade dos colaboradores e os níveis de produtividade têm sido investigadas, há décadas. Os investigadores Fisher e Hanna já o mencionaram, em 1931, num estudo chamado “O trabalhador insatisfeito“! No entanto, as empresas só começaram a olhar, severamente, para isso, há pouco tempo. Em 2019, a Saïd Business School da Universidade de Oxford divulgou uma nova investigação sobre esse assunto, apresentando a primeira evidência causal. Os comportamentos e o desempenho de 1.793 funcionários de uma das maiores organizações do Reino Unido foram analisados num extenso estudo sobre felicidade e produtividade, provando que os trabalhadores são 13% mais produtivos quando estão felizes. A pesquisa foi conduzida nos contact centers da empresa britânica de telecomunicações BT, durante um período de seis meses por Jan-Emmanuel De Neve (Saïd Business School, Universidade de Oxford)- “Descobrimos que, quando os trabalhadores estão mais felizes, trabalham mais rápido fazendo mais chamadas por hora de trabalho e, o mais importante, convertendo mais ligações em vendas”, afirma o professor De Neve.

O efeito da felicidade

Neste estudo da Universidade de Oxford, ficou ainda provado que: 1) O Bom humor aumenta a eficiência. Quando estamos felizes, o nosso fluxo de trabalho aumenta. Conforme mencionado no estudo anterior, somos mais organizados, trabalhamos mais rápido e obtemos melhores resultados. Este último elemento resulta, sobretudo, do aumento das competências emocionais e sociais, quando estamos felizes. 2) Trabalhadores felizes são mais criativos. A ansiedade ou o stress afetam, de forma negativa, a produtividade, principalmente se essas emoções forem decorrentes do ambiente de trabalho. É mais difícil a concentração e ação, quando temos pensamentos negativos e uma pressão excessiva.  3) A felicidade é contagiosa. Ser feliz e positivo todos os dias é um desafio constante e prioritário. É fundamental a gestão das emoções e das mudanças de humor, se assumirmos a promoção da felicidade no local de trabalho podemos estar certos sobre o efeito de bola de neve, aumentando a motivação e a produtividade.

Qual é então o impacto de trabalhadores felizes nas organizações? Existem várias razões pelas quais as organizações se devem concentrar em tornar a felicidade dos funcionários a sua prioridade. Aqui ficam algumas: reduzir o absenteísmo; evitar o esgotamento e doença mental; aumentar o engajement; promover a motivação individual e bem-estar; atrair novos talentos; reter os colaboradores altamente qualificados; aumentar a produtividade.

Artigo de Sérgio Almeida, em parceria com o Vida Económica

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