7 Dezembro, 2023 0 comment

Emotional Revolution: se a inteligência é artificial, as emoções são reais

As empresas estão a utilizar, cada vez mais, a inteligência artificial (IA) para melhorar a eficiência, economizar tempo e diminuir custos. A constante evolução IA reconfigura, profundamente, o panorama laboral, aumentando a incerteza nos negócios e nas relações, levando à reflexão sobre o impacto desta verdadeira revolução digital na gestão das relações interpessoais.

 

foto: LinkedIn

 

À medida que as máquinas se tornam cada vez mais aptas a realizarem tarefas complexas e a simularem interações humanas, entender e desenvolver a inteligência emocional torna-se cada vez mais uma necessidade nas organizações. Nesse contexto, uma pergunta se coloca: como equilibrar a inteligência artificial (IA) com a gestão emocional?

Podemos dizer que IA é mais uma onda de inovação que surgiu na história da Humanidade, como tantas outras, mas com uma grande diferença: o facto de se proliferar a um ritmo alucinante, nunca antes visto! A certa altura será responsável por organizar festas, gerir agendas, desenvolver estratégias de negócios e criar medicamentos contra o cancro. Este poder acessível a muitos, amplifica motivações e desafios em todos os setores da sociedade, democratizando a capacidade tecnológica, independentemente do estatuto social e da capacidade financeira.

A inteligência artificial (IA) nas organizações

Para entender melhor como as empresas usam inteligência artificial, a Forbes Advisor entrevistou 600 gestores que usam ou planeiam incorporar IA nos negócios, concluindo que a maioria das organizações acredita que a inteligência artificial as beneficiará. Um número substancial de empresários (64%) prevê que a IA melhorará o relacionamento com os clientes e aumentará a produtividade, enquanto 60% espera que a IA impulsione o crescimento das vendas. As empresas também esperam que ajude a economizar custos (59%) e a agilizar os processos de trabalho (42%), sendo que quase todos (97%) acreditam que o ChatGPT ajudará os seus negócios. No entanto, mais de 40% preocupados com a dependência excessiva da tecnologia.

 

fonte: Forbes Advisor

 

Embora existam preocupações, como a dependência tecnológica e a potencial re- dução das equipas de trabalho, a maioria dos empresários prevê um impacto positivo da implementação da IA. Os benefícios esperados do ChatGPT, como a geração rápida de conteúdo, a personalização das experiências dos clientes e a simplificação dos processos de trabalho, demonstram o potencial transformador da inteligência artificial, em vários aspetos dos negócios. Neste cenário, coloca-se a questão fundamental, como iremos nós, as pessoas, gerir o nosso tempo, as nossas relações e sobretudo as nossas emoções num contexto de mudanças tão aceleradas?

Com a implementação da IA, a automação de tarefas mais rotineiras pode ser um grande desafio para os líderes, mas também concede a estes oportunidade de dedicarem mais tempo aos aspetos mais complexos e humanos da gestão, como, por exemplo, a compreensão das necessidades emocionais dos colaboradores.

Os desafios digitais atuais transcenderam a mera integração da tecnologia nas operações diárias. O equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, “work-life balance”, assume um papel central, influenciando diretamente o bem-estar emocional dos colaboradores. À medida que as fronteiras entre o trabalho e a vida quotidiana se esbatem, a necessidade de uma abordagem empática e equilibrada na liderança torna-se ainda mais evidente.

O trabalho remoto, catalisado pela tecnologia, é agora uma norma estabelecida. Apesar dos benefícios em termos de flexibilidade, a complexidade de trabalhar à distância torna-se aparente, com possíveis impactos na sociabilização, na dinâmica de equipa e na criatividade. Os líderes enfrentam, assim, o desafio de se manterem conectados emocionalmente com as suas equipas, mesmo quando separados fisicamente.

Portanto, liderar à distância não é apenas uma questão técnica, mas também uma incursão nas complexidades emocionais da interação humana. Empatia, compreensão e uma comunicação eficaz tornam-se elementos vitais para liderar num mundo onde a inteligência artificial coexiste com as emoções humanas.

Como desenvolver a Inteligência Emocional?

No contexto mais amplo do mundo do trabalho, a (r)evolução emocional redefine as dinâmicas organizacionais. A capacidade de reconhecer e lidar com as emoções, independentemente da sua origem, torna-se, hoje, uma habilidade crucial para líderes e colaboradores. A inteligência artificial, ao imitar as emoções humanas, desafia-nos a reconsiderar o significado de autenticidade e a profundidade das nossas conexões.

 

fonte: staffbase

 

Neste sentido, é crucial que os líderes e colaboradores sejam conscientes das suas capacidades e limites, estimulando o feedback constante e abraçando as críticas como construtivas (Self-Awereness), assim como é importante ter um foco positivo, sabendo controlar as emoções (Self-Regulation).

Além disso, manter as equipas motivadas e prontas para aceitar novos desafios é um passo relevante para desenvolver a inteli- gência emocional (Motivation), bem como estabelecer bases seguras de confiança e empatia entre colaboradores e líderes (Empathy). As habilidades sociais na resolução de quaisquer problemas, devem ter em conta o ponto de vista de todos sobre a situação e deve ser encontrada uma solução que possa beneficiar de forma mais holística possível os colaboradores (Social Skills).

A revolução emocional desencadeada pela presença crescente da inteligência artificial, no local de trabalho, apresenta desafios e oportunidades únicas. O reconhecimento das emoções como reais, independentemente de serem geradas por humanos ou máquinas, é um passo essencial para construir ambientes de trabalho mais equilibrados, compassivos e produtivos.

Neste cenário em evolução, a inteligência pode ser artificial, mas as emoções, originadas ou não por ela, são, inegavelmente, reais. Este paradigma desafia-nos a repensar não apenas a natureza da tecnologia, mas também o que significa ser verdadeiramente humano, num mundo cada vez mais permeado por máquinas pensantes.

 

Artigo de Sérgio Almeida, em parceria com o diário Vida económica.

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